Era um dos últimos compactos da Audi que ainda não usava a plataforma MQB. Mas agora tudo mudou. Estará o novo Q3 pronto a dar guerra ao X1 e ao XC40?…

O primeiro Q3 foi lançado em 2011 e rapidamente se estabeleceu como um dos SUV mais vendidos da Audi, só superado pelo Q5. Prova disso é que, até hoje, acumulou 1,1 milhões de unidades vendidas na primeira geração, o que é um número muito respeitável, para uma vida comercial de sete anos: quase 160 mil carros por ano.

Em Portugal, a carreira foi mais discreta, mas, ainda assim, fechou o seu ciclo com 3000 unidades a rolar nas nossas estradas. Apesar do “restyling” que recebeu a meio da sua vida, a verdade é que as linhas arredondadas já pertenciam à anterior linguagem de estilo da Audi. Mas, ainda assim, a procura nunca desceu a níveis suficientemente baixos que obrigassem a Audi a ter pressa em substituir o Q3.

Na verdade, é um dos últimos carros compactos da marca (e do grupo) a aderir à plataforma MQB, só fica a faltar o A3.

Q3 tinha a base do Golf V

Lançado em 2011, o Q3 usava a plataforma da sexta geração do Golf, à venda desde 2008 e que mais não era do que uma evolução da quinta geração. Por isso o Q3 estava a ficar envelhecido em questões como o peso, rigidez e sobretudo na arquitetura elétrica e eletrónica, que o impedia de receber alguns dos equipamentos mais recentes.

Tudo isso acabou com a passagem para a segunda geração e para a plataforma MQB, que permitiu ainda um claro ganho em espaço no habitáculo, que é mais largo, mais alto e mais comprido, refletindo o aumento das dimensões exteriores. Até tem banco traseiro deslizante em duas metades assimétricas.

Mala muito maior

A mala tem um plano de carga bastante baixo, com uma capacidade que vai dos 530 litros (mais 70 que na geração anterior) e pode ser ampliada até aos 630, puxando o banco traseiro todo para diante (ainda se consegue lá meter as pernas) e aos 675 litros, reduzindo a inclinação das costas do banco traseiro.

Claro que se pode rebater tudo e chegar aos 1525 litros, mas assim o Q3 fica com lotação só para dois.
Outro detalhe interessante, a chapeleira, que não é de enrolador, pode ser encaixada sob o piso da mala, quando não está a ser usada.

Ao volante do Q3

Bastou sentar-me ao volante para perceber de imediato que a coluna de direção está menos inclinada, deixando o volante ficar num ângulo mais natural e confortável. Os bancos são cómodos e com apoio lateral suficiente e a altura pode ser regulada desde o muito baixo ao muito alto.

A qualidade dos materiais e da montagem está ao nível habitual da Audi, ou seja, no topo do segmento. Apesar de algumas simplificações, como os botões das luzes que estão reduzidos ao mínimo. Mas a verdade é que, com os faróis automáticos, fazem cada vez menos falta.

O painel de instrumentos passa a ser digital com a opção de um totalmente configurável de 10,25” e tem muito boa leitura. O monitor central também é fácil de ler, sem precisar de estar muito alto. Mas a Audi insiste nos botões táteis que obrigam o dedo a fazer força para darem resposta. Críticas também para os porta-objetos, que não são muitos, nem amplos.

Um 35 TDI S tronic para testar

Para testar durante uma manhã, num percurso essencialmente de autoestrada (é sempre classe 1) e com alguns caminhos de terra no final, tive o Q3 35 TDI S Tronic. Descodificando: motor 2.0 TDI Diesel de 150 cv, caixa de dupla embraiagem e tração só às rodas da frente.

Do motor 2.0 TDI de 150 cv basta dizer que é um dos melhores do seu segmento de potência, tanto em ruído como em suavidade. Tem boa resposta desde os baixos regimes, não enjeita os mais altos e não enche os ouvidos, nem mesmo durante uma hora na autoestrada.

Não vai haver 1.6 TDI

É o Diesel mais barato da gama, o 1.6 TDI não vai estar disponível. A caixa S tronic está à altura, mas a unidade ensaiada não tinha as patilhas no volante, perdendo-se parte do gozo de ter uma das melhores caixas de dupla embraiagem do mercado.

Melhor conforto

A plataforma MQB permitiu aumentar a rigidez estrutural, em parte devido aos 26% de aços estampados a quente que utiliza e isso notou-se bem nos caminhos de terra. São muito poucas as vibrações da estrutura, o que permitiu afinar a suspensão para um nível de conforto muito bom, sendo de notar que todos os Q3 estão equipados com suspensão traseira multibraço. Os pneus 235/55 R18 também ajudam, com o seu perfil alto.Em opção, há ainda amortecedores ajustáveis.

Claro que, apenas com tração à frente, o piso de terra obrigava a ter atenção ao acelerador. Para quem quiser muito, a Audi vende uma versão quattro de tração integral, mas só na motorização 40 TDI de 190 cv com caixa S tronic, que eleva o preço para os 60 000 euros.

Comportamento mais “fino”

Neste primeiro teste, não houve oportunidade para explorar a dinâmica em maior detalhe, mas foi possível recolher algumas impressões.

Em curva, há uma sensação de que o centro de gravidade não é tão alto como no Q3 anterior, com menos inclinação lateral e um controlo mais fino dos movimentos das massas, quer a curvar, quer a travar.

A explicação está na distância entre-eixos, que subiu 77 mm, nas vias mais largas em 18 mm e também com a contribuição da descida na altura em 5 mm. Mais do que isto, é a escolha de materiais mais leves para as zonas superiores da estrutura que faz a diferença.

Muito mais equipamento

Melhor do que eu, o configurador da Audi poderá dar toda a informação sobre o “gigantesco aumento” de equipamento disponível, de série e opcional. Só quero destacar alguns incluídos na versão base: assistente de mudança de faixa, pre-sense, faróis de LED, jantes de 17”, monitor central tátil de 8,8” e painel de instrumentos digital.

Depois há mais dois níveis de equipamento: o Line Advanced (1850€) e o S Line (2850€). Este último inclui jantes de 18” e suspensão desportiva 10 mm mais baixa, sendo a opção indicada para quem nunca pensar em tirar o seu Q3 do asfalto.

Preços? Aqui vão, sem opcionais: o 35 2.0 TDI S Tronic que guiei, custa 49 000 euros; abaixo fica o 35 1.5 TFSI 150 a gasolina, com caixa manual, por 42 000 euros e acima o já referido 40 2.0 TDI 190 S Tronic quattro, por 60 000 euros.

Conclusão

Comparando o 35 2.0 TDI S Tronic com versões Diesel de 150 cv e tração à frente, da concorrência: um BMW X1 sDrive 18d custa 44 800€ e um Volvo XC40 D3 custa 29 560€, com caixa manual. Com caixa automática (a única opção desta versão do Q3) seria preciso somar cerca de dois mil euros. E para ter uma análise de valor precisa, seria preciso equiparar os equipamentos. Mas a verdade é que o Q3 não é barato.

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