A oitava geração do Audi A6 acaba de ser apresentada à imprensa nacional, cinquenta anos depois do primeiro modelo desta série ter sido lançado nos mercados europeus, na altura ainda com o nome de Audi 100. Em Portugal, a primeira geração a ser comercializada foi a quarta, em 1990 e até hoje o modelo tem sabido manter uma presença importante no segmento dos executivos, rivalizando com o BMW Série 5 e Mercedes-Benz Classe E.

Avant… à frente

As versões carrinha, conhecidas na Audi como Avant, têm sido as que mais têm puxado pelo A6, representando, na geração que agora termina a sua carreira, cerca de 80% das vendas do modelo. O que leva a SIVA, o importador da Audi para o nosso país, a tentar uma estratégia de maior promoção da versão de quatro portas, a berlina. É que, os concorrentes alemães andam em torno dos 50/50 ou no máximo 60/40, a favor das carrinhas, não mais do que isso. São dados que levam os homens da Audi em Portugal a pensar que têm muito terreno a conquistar com a berlina, começando por lhe dar uma vantagem de 2600 euros no preço.

Na geração anterior, apenas 10 a 15% dos A6 vendidos em Portugal foram comprados por particulares, tudo o resto foram empresas

Esse terreno terá que ser conquistado sobretudo entre as frotas das empresas, pois é este o tipo de venda maioritário na gama A6: na geração anterior, apenas 10 a 15% dos A6 vendidos em Portugal foram comprados por particulares, tudo o resto foram empresas. São negócios pragmáticos, como é lógico, em que a emoção geralmente associada à compra de um automóvel novo, não tem lugar.

40, 50 mas só TDI

A gama em portugal vai começar por ter apenas duas motorizações, o 40 TDI e o 50 TDI, seguindo uma nomenclatura que parece um pouco estranha, tanto para os clientes como para quem trabalha na marca: “ainda tenho que usar uma cábula, para saber a que motores estas siglas correspondem” confessou-me um “insider”. Compreendo perfeitamente.
Os números 40 e 50 não têm qualquer correspondência com as cilindradas, como é lógico, mas antes com níveis de potência, estabelecendo uma hierarquia: o 50 é mais potente que o 40.

Na verdade, isto não é nada de novo, tanto a Mercedes-Benz como a BMW usam, há muito tempo, sistemas semelhantes para identificar as suas versões. A diferença é que, nessas duas marcas, esta nomenclatura começou há mais tempo e, no início, tinha realmente correspondência com a cilindrada dos motores. Mas isso já acabou. Um BMW 25d não tem um motor de 2.5 litros há bastante tempo.

À espera do “Plug-In”

“E os híbridos?…” perguntaram os jornalistas quando a gama de motores foi anunciada. Na resposta foi admitido que a marca está atrasada nos “Plug-in”, que agora os benefícios fiscais estão a premiar se for precisamente uma empresa a comprar, não se sabe durante quanto tempo. Mas também ficou claro que o tal pragmatismo das compras de frotas, ainda dá prioridade aos motores Diesel. E a Audi tem dois bons motores TDI à escolha, o 40 TDI é um 2.0 de quatro cilindros e 204 cv, o 50 TDI é um 3.0 V6 de 286 cv.
Para não deixar os seus créditos por mãos alheias, a Audi inclui aquilo a que chama um sistema “Mild-hybrid” que utiliza um alternador reforçado e uma bateria de Lítio. O seu principal papel é conseguir atuar a função Stop/Start entre os 7 e os 22 km/h, além de permitir à caixa automática entrar no modo roda-livre entre os 55 e os 160 km/hm, sempre que se tira o pé do acelerador.

Primeiras impressões

Pude guiar, durante uma hora e pouco, uma A6 40 TDI Avant e as primeiras impressões foram as esperadas. Excelente qualidade de construção, novos interiores com três monitores digitais, um para o A/C, outro para o infotainment e o terceiro, em frente do condutor, para os instrumentos. Tudo fácil de usar, para monitores táteis que assim mandam para a reforma o antigo comando rotativo. Desconfio que nem toda a gente vai gostar disso, mas é a moda.
Gostei sobretudo da suspensão, que se orienta claramente para o conforto de rolamento, o que me parece uma decisão acertada. Longe vão os tempos em que os Audi tinham a fama (e o proveito) de serem “duros” em excesso, sem por isso se ter perdido grande coisa em precisão e eficiência.
O motor 40 TDI, o 2.0 TDI com 204 cv, tem muito boa resposta a baixos regimes, vontade de continuar a colaborar nos mais altos e dá-se muito bem com a caixa automática.

Muito silencioso

Com a ajuda de vidros duplos laterais, o isolamento sonoro é dos melhor do segmento, acrescentando uma outra dimensão de conforto ao imenso espaço disponível nos lugares traseiros. Claro que lá está o incómodo túnel central, para passar o veio de transmissão das versões “quattro” de tração às quatro rodas. Mas este 40 TDI mostrou que a tracção à frente e um ESP muito bem calibrado, são suficientes para a potência disponível.
Não tive tempo para aferir consumos, por isso limito-me a citar os anunciados pela Audi, para o A6 Avant 40 TDI: 4,5 litros/100 km e emissões de 124 g/km de CO2. Não admira que as empresas continuem a achar estes números interessantes. Eu também acho. Sobretudo porque as prestações continuam a ser boas: 8,6 segundos na aceleração 0-100 km/h.

Conclusão

O A6 chega a Portugal só com motores Diesel, numa altura em que a imagem dos motores a gasóleo não é a melhor, mais ainda para uma marca que pertence ao grupo VW. Mas o pragmatismo do mercado, no segmento em que o A6 se insere, parece não valorizar muito isso, a julgar pelas expetativas da Audi para o seu novo modelo executivo.

(fotos de Carlos Pedrosa e Audi)