Sete vezes a Aston Martin foi à falência, sete vezes recuperou. Em cem anos a marca desportiva mais carismática do Reino Unido passou por muito, mas agora está mais forte do que nunca, nesta entrada no seu segundo século.

Sete anos e sete novos modelos, foi a promessa feita há três anos e está a ser cumprida com rigor… alemão. Depois do DB11 e do Vantage, é a vez do DBS Superleggera, o mais potente, o Super-GT, aquele que se quer medir contra o todo-o-poderoso Ferrari 812 Superfast.  A AM quer ser a “Ferrari britânica” e quem o diz não sou eu, são os mais altos dirigentes da marca.

Alumínio e carbono

Os três modelos lançados até agora são todos feitos com base na mesma nova plataforma de alumínio colado e rebitado. O DBS acrescenta painéis exteriores em fibra de carbono, para justificar o nome Superleggera com 72 kg a menos que o DB11 V12, com o qual partilha o motor V12 Biturbo, feito em Colónia, pela Ford, em exclusivo para a AM. Só que a gestão foi reprogramada, a pressão de sobrealimentação subiu 0.3 bar e o escape é diferente. O suficiente para chegar aos 725 cv e 900 Nm, tanto que foi preciso encomendar à ZF uma caixa automática de oito, mais resistente. O camber da suspensão foi aumentado, a altura ao solo desceu, os casquilhos são todos mais firmes, excepto na direção vertical, para não perder o conforto que se quer de um Super-GT, mesmo com jantes de 21″, os amortecedores ajustáveis dão uma ajuda. A aerodinâmica foi muito melhorada, atingindo 180 kg de downforce à velocidade máxima de 340 km/h, graças à asa traseira virtual, feita com ar captado, acelerado e ejetado através de uma fresta na tampa da mala.

Missão: Baviera

Em que é que tudo isto, e muitas outras alterações de detalhe, face ao DB11 V12, podem contribuir para a minha felicidade? Essa foi a minha missão nas estradas montanhosas da Baviera, onde a Aston Martin me deu as chaves de um DBS Superleggera para um dia de condução.

O escape grita como um tornado e os dois turbos uivam como lobos.

Ao vivo, o aspeto do DBS Superleggera é ainda mais impressionantes que em fotos. A grelha negra, as enormes jantes e a reduzida altura ao solo atraem tanto como intimidam. Entro para o lugar do condutor e vejo que a posição de condução é baixa mas muito bem enquadrada com todos os comandos e com razoável visibilidade. O carro é largo e comprido, mas isso não é grande preocupação. O V12 biturbo entra em ação com um ronco grave e poderoso, desafiando a puxar por ele na primeira oportunidade. Não me faço rogado e acelero a fundo na primeira reta. O conta-rotações corre para o red-line, o escape grita como um tornado e os dois turbos uivam como lobos. Eu finco as mãos no volante e concentro-me em não falhar uma patilhada na caixa de oito, umas dezenas de rotações antes de o motor bater no corte. A sensação de força é muito impressionante, mas nunca intimidante.

E nas curvas?…

Mas as curvas são o que mais me interessa. A Am diz que este Super-GT é para ser conduzido por qualquer condutor (querem dizer comprador…) mesmo que não tenha grande habilidade para domar 725 cv no limite. E a verdade é que o acerto da suspensão, sobretudo no modo de condução mais macio, inspira muita confiança, mesmo quando se acelera um pouco o ritmo. Ninguém se vai assustar ao volante, se não exagerar.

Concentração, determinação e… respeito

Claro que a minha missão era precisamente… exagerar. Modo Sport Plus selecionado e modo Track no ESP e atiro-me a um encadeado de curvas. A frente entra em curva com rigor e dá muita informeção ao condutor. Mas depois é que começa a festa. O DBS Superleggera gosta de sair de traseira, basta dar-lhe um pouco mais de acelerador do que o necessário e as rodas traseiras deslizam para o lado exterior da curva com prontidão, obrigando a correções imediatas. Com concentração, é possível fazer rodar o carro, em grande parte só com o acelerador, uma brincadeira que tem tanto de divertida como de arriscada, se não se respeitar a força disponível e se decidindo desligar o ESP. Mas não é preciso um piloto profissional para manter o DBS na estrada a ritmos elevados. Basta concentração, determinação e olhar mais longe do que o habitual. Os travões de carbo-cerâmica dão uma boa ajuda e a caixa está sempre pronta a subir ou descer de relação, com mais uma patilhada.

Conclusão

A AM fez um Super-GT de grande nível, capaz de performances extraordinárias como acelerar dos 0 aos 100 km/h em 3,2 segundos. Mas sem que isso implique ter a coragem de um agente secreto para o explorar. Tanto é assim, que o DBS Superleggera não vai ficar por aqui e terá uma versão AMR, que é como a AM agora chama às suas versões mais potentes. Só para ficar mais próximo do Ferrari.

Potência: 725 cv

Preço: 363 000 euros

Veredicto: 5 estrelas