O Yeti deixou saudades, pelo seu conceito original. Mas a Skoda não hesitou em apanhar a onda dos SUV. Com o mais pequeno Kamiq já vai no terceiro, em apenas quatro anos.

 

Fez muito pela imagem da Skoda, o Yeti. Ainda não era um SUV, mas tinha a mesma versatilidade (ou mais) e acrescentava uma silhueta original que agradou a muitos compradores. Fazia sentido, como a maioria dos produtos da marca.

Mas a onda dos SUV invadiu o mercado como um tsunami, obrigando todas as marcas a alinhar pelo perfil que se tornou a norma de um SUV: mais alto e mais “quadrado” que a berlina que se esconde por baixo e que lhe dá a plataforma.

O Yeti acabou por ser uma vítima colateral desta moda e a Skoda teve mesmo que se deixar de “originalidades” e alinhar com a maioria. As vendas dizem que fez bem.

Em 2017, lançou o seu primeiro SUV, o grande Kodiaq, depois o intermédio Karoq e agora o mais pequeno Kamiq, completando uma oferta de três SUV novos em quatro anos.

“Primo” do T-Cross e Arona

Feito com base na plataforma MQB A0, que serve o Seat Arona e VW T-Cross, o Kamiq é contudo maior. Como é hábito na marca, os seus modelos são sempre um pouco maiores que os concorrentes diretos, para ganhar em espaço interior.

Com 2651 mm, o Kamiq tem a maior distância entre-eixos do segmento B-SUV, dominado no nosso país pelo Renault Captur.

É também maior que os “primos” Seat Arona e VW T-Cross, nesta cota, o que se reflete num maior espaço para as pernas dos passageiros da fila de trás.

Reforço de imagem

Numa alteração que começou com o Scala e se vai estender a todos os modelos, a tampa da mala deixa de ter o símbolo da marca e passa a ter o nome “Skoda” escrito por extenso.

Não é um detalhe, é um reforço da imagem da marca. A Skoda já há muito que deixou de ser uma marca de carros baratos e isso fica óbvio no interior.

Materiais de boa qualidade, montagem sem falhas e um conteúdo de equipamentos muito completo que inclui um bom monitor central de 9,1” e o painel de instrumentos digital de 12,5” configurável em cinco vistas diferentes.

Nem falta uma App

Ambos fazem parte do nível de equipamento mais completo, o Style, que inclui ainda uma aplicação para smartphone. Por aqui, o condutor pode aceder a vários dados do seu Kamiq e abrir/fechar as portas.

No primeiro ano, é oferecida a conectividade online que permite aceder a informações em tempo real de onde ficou o Kamiq estacionado, postos de combustível, locais de interesse e outros. A partir do segundo ano a anuidade é de setenta euros.

Quanto aos sistemas de segurança ativa, estão presentes de série a travagem de emergência com reconhecimento de peões, manutenção de faixa e assistente lateral.

Ao volante do Kamiq

O primeiro breve contacto dinâmico com o Kamiq permitiu descobrir uma posição de condução com amplas regulações, sendo possível descer o banco a um nível bastante baixo, ainda assim 40 mm mais alto que o Scala, que também usa a mesma plataforma.

A motorização testada foi o 1.0 TSI a gasolina com 116 cv, equipado com caixa DSG de dupla embraiagem.

O motor é conhecido pela sua suavidade e boa elasticidade a todos os regimes, neste caso ajudado pela caixa automática de dupla embraiagem e sete relações, que faz passagens suaves e rápidas. Só foi pena a unidade ensaiada não ter patilhas no volante.

Confortável e eficaz

O percurso não foi muito exigente, mas ficou claro que os pneus 205/55 R17 conseguem um bom equilíbrio entre conforto e estabilidade. A suspensão traseira é de eixo de torção e a tração só às rodas da frente, não há versões 4×4.

Como seria de esperar, a carroçaria deste pequeno SUV não tem quaisquer oscilações parasitas, mantendo-se estável, mesmo sobre pisos com algumas ondulações.

A direção tem o peso certo para facilitar as manobras e a visibilidade é boa em todas as direções.

As soluções “simply clever”

Não faltam algumas das soluções “simply clever” da Skoda, casos do guarda-chuva guardado na porta do condutor, proteção das portas ao abrir e a lanterna amovível na parede lateral da mala, que tem 400 litros de capacidade.

Além desta versão, a gama começa na variante de 95 cv do mesmo motor, que custa 21 680 euros. Mas há uma versão de lançamento com esta motorização que vale 19 990 euros, no nível mais baixo Ambition.

Também há um Diesel 1.6 TDi de 116 cv (26 981 euros) e a opção entre caixa manual e DSG.

A Skoda faz questão em relembrar que os seus carros são vendidos com a manutenção dos primeiros quatro anos, ou 80 000 km, incluída no preço.

Conclusão

À força de querer cimentar a sua imagem de marca, talvez a Skoda tenha ido longe de mais no estilo do Kamiq, muito próximo ao do Karoq e Kodiaq. Ninguém estaria à espera do regresso à originalidade do Yeti, mas um pouco mais de diferenciação, poderia ser benéfico.

Ainda não estão anunciadas versões electrificadas, nem sequer “mild-hybrid” para o Kamiq, uma inevitabilidade no futuro próximo, mas que se esperaria estar disponível logo desde o lançamento.

Seja como for, o mais pequeno SUV da Skoda cumpre tudo aquilo que se poderia esperar dele. Tanto ao nível do equipamento, das motorizações e da facilidade de utilização. Mais um passo importante da Skoda em direção a um futuro cada vez mais importante dentro do grupo VW.

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