A Skoda fez um restyling no Superb, que vai ter um híbrido e acrescentou uma versão Scout. Fui à República Checa para o testar em primeira mão.

 

Não há marca que leve o mote “value for money” tão a sério e com tanto sucesso como a Skoda. As vendas não param de subir, a barreira do milhão de carros produzidos por ano já foi ultrapassada e a dos dois milhões é o objetivo para a próxima década.

Para isso é preciso fazer mais uma fábrica, pois a unidade de Mladá Boleslav, na República Checa, já está a 100% há muito tempo, com 600 mil carros/ano, ajudada pela outra fábrica do país, em Kvasiny, com mais 200 mil. O resto da produção é feita em fábricas do grupo VW, mas isso não chega.

Em Mladá Boleslav

Estive exatamente em Mladá Boleslav para testar em primeira mão o novo Superb Scout, na minha qualidade de jurado do Car Of The Year. A Skoda decidiu organizar este teste para podermos experimentar esta novidade e também o Scala, que tem fortes aspirações ao prémio deste ano. Mas vamos ao Superb.

Bem conhecido de todos, o Superb é o topo da gama Skoda, mas não é um carro de luxo. Apesar do comprimento de 4,862 metros, na versão carrinha, que este restyling fez subir em mais seis milímetros, devido ao formato do para-choques da frente, o Superb interpreta tão bem a noção do “value for money” como qualquer outro dos modelos da marca.

Restyling do Superb

Mas chegou a hora de uns retoques ao Superb, para lhe dar um ar mais alinhado com os últimos lançamentos da marca. Por isso os faróis são diferentes, e passam a ter matriz de LED e a grelha é mais alta, para dar maior presença ao modelo.

Na face traseira, mudam os farolins de LED, que passam a estar unidos por um friso cromado transversal. Igualmente interessante é que o símbolo da marca foi substituído pela marca escrita por extenso, o que é sempre um sinal de confiança.

Mais ajudas à condução

O restyling serviu também para atualizar as ajudas à condução que passam a contar com um cruise control adaptativo e preditivo, que usa o reconhecimento de sinais de trânsito e o GPS para “adivinhar” as curvas que estão a chegar e adaptar a velocidade automaticamente.

Outra novidade é o sistema de paragem de emergência em autoestrada. Se o condutor tiver uma doença súbita e largar o volante, o Superb consegue usar os novos sensores laterais com 70 m de alcance e mudar de faixa para a direita, até parar na berma e acender os quatro piscas.

A terceira função é a travagem de emergência citadina e preditiva, que reconhece o movimento dos peões e trava o carro, se achar que um deles vai atravessar a estrada sem o devido cuidado. Felizmente, não experimentei nada disso.

Ao volante da Scout

A versão que testei foi a nova Scout, o nome que a Skoda dá às versões “aventureiras” mas que nunca tinha estado disponível no Superb.

Ao restyling, acrescenta um pacote “rough-road” que conta com proteção inferior do motor, para-choques de desenho específico, alargamentos de guarda-lamas e uma suspensão 15 mm mais alta, além de vir equipada de série com jantes de apenas 18”. Para quem gosta de rodas grandes, há sempre a opção das jantes de 19”.

Motores à escolha

A Scout só está disponível com tração às quatro rodas e com caixa de dupla embraiagem DSG de sete relações; e os motores são apenas os dois mais potentes: o 2.0 TDI de 190 cv e o recém chegado à gama 2.0 TSI de 272 cv.

Os outros Superb, carro ou carrinha, também têm o 1.6 TDI de 120 cv, 2.0 TDI de 150 cv, 1.5 TSI de 150 cv e 2.0 TSI de 190 cv.

Scout com 272 cv

A versão que guiei foi a 2.0 TSI de 272 cv, com suspensão DCC, de amortecimento variável. Falta dizer que, na versão Scout, o selector de modos de condução passa a ter uma posição “off-road” com uma página no monitor central a dar informações específicas para condução fora de estrada.

O interior do Superb impressiona pelo enorme espaço disponível, quer nos lugares da frente quer nos de trás. Mas também pela mala, que chega aos 660 litros, tendo agora uma prateleira sob o piso falso, para melhor acomodar objetos pequenos.

Uma daquelas soluções “simply clever” de que a marca tanto gosta. A outra são os encostos de cabeça traseiros mais largos e a inclusão de uma manta, para os passageiros poderem dormir uma sesta.

Ambiente interior diferente

A Scout tem uma decoração específica do interior, que acresce às modificações feitas a toda a gama os forros dos bancos e aplicações numa excelente imitação de madeira.

A qualidade dos materiais é muito boa, sem ser premium, pois há que pensar nos custos e no posicionamento das outras marcas do grupo.

A experiência de condução começa por uma posição de condução um pouco alta mas com muitas possibilidades de regulação. O painel de instrumentos é agora o “virtual cockpit” do grupo, ou seja, digital e configurável, muito fácil de ler. No geral, os comandos secundários estão bem posicionados e agora a consola tem um local para carga de “smartphone” por indução.

Fácil de guiar

Bastou sair do parque de estacionamento para perceber que a direção é demasiado assistida, ficando muito leve, o que nem sempre é bom. Claro que se pode escolher o modo Sport e fica mais pesada, mas não muito.

A suspensão é muito confortável e o acréscimo do curso desta versão Scout dá-lhe ainda mais espaço para trabalhar e processar os desníveis da estrada. A insonorização está muito bem feita e o motor 2.0 TSI quase não se ouve.

Claro que, com 350 Nm disponíveis, a reação ao pedal do acelerador é imediata, mais ainda porque a DSG faz muito bem o seu papel, com passagens rápidas e suaves.

O desempenho do motor é muito bom, com força sobretudo nos regimes intermédios, onde mais é usado, sempre com imensa suavidade.

Comportamento previsível

Considerando o tamanho desta Superb Scout e a suspensão mais alta, não seria de esperar que o comportamento dinâmico fosse outra coisa do que previsível e progressivo.

Não é ágil nem entusiasmante, mas julgo que não será isso que os compradores desta versão estarão à procura. A carroçaria inclina-se visivelmente em curva, mas sem que isso implique nenhum tipo de instabilidade, só tem que se dar tempo à suspensão para lidar com a inércia.

Claro que a tração às quatro rodas consegue sempre colocar toda a potência no chão, mesmo quando se acelera forte à saída de curvas mais apertadas. Para já, não foi possível testar as aptidões da Scout fora do alcatrão.

Superb iV, o híbrido

Para quem está à procura de uma espécie de Allroad “simply clever” a Superb Scout cumpre bem as expetativas. Para quem estiver mais interessado numa versão mais alinhada com a tendência atual dos eletrificados, pode ficar a saber que a Skoda já a tem pronta.

Chama-se Superb iV e usa um sistema “plug-in” que junta um motor a gasolina 1.4 TSI de 156 cv a um motor elétrico de 116 cv, para um total combinado de 218 cv, transmitido às rodas da frente por uma caixa DSG de seis velocidades.

A bateria de 13 kWh está sob o banco traseiro e permite fazer 55 km em modo elétrico, depois demora 3h30 para carregar completamente numa “wallbox” de 3,6 kW, ou mais, numa tomada doméstica.

No entanto, há um modo “charge” que usa o motor a gasolina para carregar a bateria em andamento. Segundo o protocolo WLTP, as emissões ficam abaixo dos 40 g/km de CO2.

Conclusão

O Superb está longe de ser o modelo mais procurado da Skoda no nosso país, que prefere carros bem mais económicos. A versão Scout vai ficar no topo da gama e chega em 2020. Mas o Superb iV “plug-in” estará à venda já no final deste ano, por um valor que deverá ser bem mais abordável. Vai dar que pensar, a quem pensa primeiro no produto e depois na marca.

Clicar nas setas para percorrer a galeria de imagens

Ler também, seguindo este Link: Agora é oficial: afinal o Diesel não está morto