Catalisadores roubados são usados como peças de substituição

Estado em que fica o escape depois do roubo do catalisador

Nos SUV o roubo do catalisador é mais fácil

Os catalisadores mais expostos são os mais fáceis de roubar

Os metais raros são reciclados para revenda

No Reino Unido, os Prius eram os mais visados pelos criminosos

Há dois anos, escrevi no Targa 67 sobre os roubos de catalisadores no Reino Unido. Agora, o fenómeno chegou a Portugal e nem os carros guardados nas garagens comuns se safam.

 

Em 2019 escrevi aqui no Blog Targa 67 sobre o fenómeno de roubo de catalisadores no Reino Unido. Um crime que estava a tomar proporções muito grandes como o mostravam os números da altura.

Só nos primeiros seis meses, tinham sido registados na área de Londres 2894 roubos de catalisadores, uma subida brutal face aos 1674 roubados durante os 12 meses de 2018.

O procedimento era descrito como muito simples e rápido: os ladrões procuravam o carro certo, enfiavam-se por baixo dele, cortavam o tubo de escape, antes e depois do catalisador e desapareciam.

Pois bem, este crime chegou a Lisboa, como fiquei a saber de fonte oficial. E os ladrões até já refinaram os procedimentos.

Para quê, roubar catalisadores?

As motivações para este tipo de roubos são duas e ambas andam à volta do mesmo tema, o elevado valor de um catalisador.

Alguns dos roubos são feitos a carros semi-novos, com o intuito de revender os catalisadores a oficinas menos sérias, que depois os usam para substituir os catalisadores usados ou danificados dos carros dos seus clientes. Ou até dos carros a que foram roubados!…

A outra razão é ainda mais incrível e tem a ver com o valor dos metais nobres contidos no catalisador, sobretudo a Platina, o Ródio e o Paládio.

Alguns catalisadores são roubados e depois entregues a empresas que fazem a sua reciclagem, para aproveitar a Platina, o Ródio e o Paládio.

Os carros preferidos

Em Portugal ainda não conheço dados concretos, mas no Reino Unido os carros preferidos pelos ladrões para o furto dos catalisadores eram três modelos da Toyota: a segunda e terceira geração do Prius e a segunda-geração do Auris Hybrid. Mas os carros em que os ladrões preferem “trabalhar” são os SUV, porque têm maior altura ao solo, o que lhes facilita a operação.

Porquê os híbridos?

A preferência dos ladrões pelos híbridos da Toyota tem duas razões de ser. A primeira é que os catalisadores dos híbridos são menos solicitados que os de motores convencionais, por isso estão em melhor estado.

A segunda razão é que os catalisadores da Toyota estão num local de fácil acesso aos ladrões, a meio do carro, ao contrário do que se passa noutros carros, em que estão dentro do compartimento do motor.

Os melhores “artistas” deste crime conseguem completar a operação em um minuto e meio, o que é notável. Mas não fazem um serviço “limpo”, danificando a área em redor do catalisador.

No entanto, os criminosos que atuam em Portugal parece terem desenvolvido duas técnica alternativas, uma mais ruidosa, recorrendo a uma serra circular elétrica, e uma mais silenciosa, feita com corte a quente.

“Gaiolas” de proteção

Para contrariar este crime, no Reino Unido foram surgindo no “aftermarket” soluções para proteger os catalisadores dos roubos. As mais populares são uma espécie de “gaiolas” que são colocadas em redor dos catalisadores para dissuadir os ladrões de o tentar roubar.

No Reino Unido, a polícia aconselhava a guardar o carro numa garagem, durante a noite. Mas isso não parece ser problema em Lisboa.

Por cá, os criminosos estão a entrar em garagens de condomínios, a meio da noite, arrombando portas comuns e depois fazendo ligações diretas nos elevadores, para chegar aos pisos de garagem, pois os elevadores só descem a esses pisos mediante o uso de uma chave.

Depois é só controlar a ronda do eventual segurança e “trabalhar” tranquilamente, no conforto de uma garagem.

Faz lembrar o roubo de autorádios

Toda esta história me faz lembrar um “flagelo” que assolou todos os que tinham carro em Portugal, há umas duas a três décadas: o roubo de autorádios.

Quando os autorádios eram comprados separadamente do automóvel e tinham todos o mesmo “standard” de dimensões e ligações, os roubos subiram em flecha e raro era o condutor que, pelo menos uma vez, não via o seu carro assaltado e o autorádio roubado.

Conclusão

Já não bastava o custo de ter que substituir um catalisador, quando este se avaria, agora os condutores ainda estão sujeitos a que esse componente seja alvo de furto.

Francisco Mota

Ler também seguindo o LINK

Audi Q4 e-tron elétrico: está instalada a confusão…