Catalisadores roubados são usados como peças de substituição

04/10/2019 – O fenómeno não é novo mas está a ganhar proporções. No Reino Unido, somam-se os casos de roubos de catalisadores. Quer saber porquê?…

 

Crescem os casos de roubos de catalisadores a carros estacionados na via pública, no Reino Unido.

A notícia pode parecer estranha aos nossos ouvidos, mas é uma realidade cada vez mais preocupante para quem tem carro e não o pode estacionar sempre numa garagem.

Só nos primeiros seis meses deste ano, foram registados na área de Londres 2894 roubos de catalisadores, uma subida muito grande face aos 1674 roubados durante os 12 meses de 2018.

O procedimento é muito simples e rápido: os ladrões procuram o carro certo, enfiam-se por baixo dele, cortam o tubo de escape, antes e depois do catalisador e desaparecem.

A polícia tem estado a registar este tipo de roubos há alguns anos, mas nos últimos tempos o assunto tem sido notícia nos principais orgãos de informação Britânicos, porque os casos são cada vez mais.

Para quê, roubar catalisadores?

As motivações para este tipo de roubos são duas e ambas andam à volta do mesmo tema, o elevado valor de um catalisador.

Alguns dos roubos são feitos a carros semi-novos, com o intuito de revender os catalisadores a oficinas menos sérias, que depois os usam para substituir os catalisadores usados ou danificados dos carros dos seus clientes. Ou até dos carros a que foram roubados…

A outra razão é ainda mais incrível e tem a ver com o valor dos metais nobres contidos no catalisador, sobretudo a Platina, o Ródio e o Paládio.

Alguns catalisadores são roubados e depois entregues a empresas que fazem a sua reciclagem, para aproveitar a Platina, o Ródio e o Paládio.

A onda de roubos chega a variar consoante a cotação destes metais sobe ou desce. Como a cotação do Ródio e Paládio tem vindo a crescer nos últimos anos, é lógico que os roubos aumentem.

Mais grave no Reino Unido

O problema é particularmente grave no Reino Unido porque, aparentemente, o controlo das empresas de reciclagem e dos “ferro-velhos” não é suficientemente eficaz. Sobretudo no que diz respeito à origem da sucata que recebem para reciclar.

Curioso é descobrir que os carros preferidos pelos ladrões para o furto dos catalisadores são três modelos da Toyota: a segunda e terceira geração do Prius e a segunda-geração do Auris Hybrid. Mas os carros em que os ladrões preferem “trabalhar” são os SUV, porque têm maior altura ao solo, o que lhes facilita a operação.

Porquê os híbridos?

A preferência dos ladrões pelos híbridos da Toyota tem duas razões de ser. A primeira é que os catalisadores dos híbridos são menos solicitados que os de motores convencionais, por isso estão em melhor estado.

A segunda razão é que os catalisadores da Toyota estão num local de fácil acesso aos ladrões, a meio do carro, ao contrário do que se passa noutros carros, em que estão dentro do compartimento do motor.

Os melhores “artistas” deste crime conseguem completar a operação em um minuto e meio, o que é notável. Mas não fazem um serviço “limpo”, danificando a área em redor do catalisador.

“Gaiolas” de proteção

As companhias de seguros andam num frenesim para ajudar a combater estes roubos, como é óbvio, pois está a sair-lhes do bolso.

Entretanto, já foram surgindo no “aftermarket” soluções para proteger os catalisadores dos roubos. As mais populares são uma espécie de “gaiolas” que são colocadas em redor dos catalisadores para dissuadir os ladrões de o tentar roubar.

A polícia vai difundindo conselhos para os condutores se protegerem deste tipo de furtos, com indicações óbvias, mas nem sempre exequíveis.

Por exemplo, deixar sempre o carro estacionado numa garagem, e nunca numa rua pouco movimentada.

Dizem também que, se o carro for estacionado ao lado de uma parede, isso dificulta a tarefa dos ladrões.

Faz lembrar o roubo de autorádios

Toda esta história me faz lembrar um “flagelo” que assolou todos os que tinham carro em Portugal, há umas duas a três décadas: o roubo de autorádios.

Quando os autorádios eram comprados separadamente do automóvel e tinham todos o mesmo “standard” de dimensões e ligações, os roubos subiram em flecha e raro era o condutor que, pelo menos uma vez, não via o seu carro assaltado e o autorádio roubado.

As gavetas e os painéis destacáveis

Depois começaram a surgir as medidas preventivas, como os autorádios-gaveta. O condutor apenas tinha que puxar o autorádio para fora e levá-lo debaixo do braço, o que era tudo menos prático.

Alguns tentavam enganar os gatunos e guardavam o autorádio dentro do porta-luvas ou debaixo do banco.

Mas um ladrão paciente, à espera de ver um carro estacionar, conseguia perceber a manobra e executava o roubo na mesma.

Depois apareceram os autorádios com a frente amovível, reduzindo assim o tamanho do objeto que o condutor tinha que levar para casa.

Mas demorou tempo até que a indústria automóvel fizesse o óbvio: integral a função autorádio no tablier, de modo a deixar de existir uma peça amovível e que servisse em qualquer automóvel.

Conclusão

Nenhuma destas soluções é possível de aplicar aos catalisadores, como é claro. Por isso, resta a alternativa das tais “gaiolas” aparafusadas ao fundo do carro, para evitar que o “precioso” catalisador seja roubado.

Já não bastava o custo de ter que substituir um catalisador, quando este se avaria, agora os condutores ainda estão sujeitos a que esse componente seja alvo de furto. Só espero que a moda não pegue por cá…

Francisco Mota

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