Agora é inevitável. Há mesmo greve dos camionistas. Fomos avisados com antecedência. Atestámos os depósitos e as despensas. E agora?!…

Os motoristas têm direito a esta greve, que pode parar o país? O governo tem direito de pedir serviços mínimos de 100%? Os sindicalistas têm o direito de ser intransigentes? E os patrões, têm o direito de negar as exigências dos grevistas?

Como não se consegue resolver uma questão laboral de contornes tão simples, sem recorrer à greve? Os motoristas, ou melhor, os sindicalistas e essa nova espécie que são os advogados/porta-voz afinal só querem um aumento e deixar de receber uma parte do ordenado “por fora.” Mas, um momento, isso não é até ilegal? O Estado não sabia disso?

Os patrões dizem que já acordaram aumentos de 100 euros em cada um dos próximos dois anos. Quantos trabalhadores de outras áreas conseguiram uma garantia como esta?

Mas agora é inevitável. Há mesmo greve.

Os depósitos dos carros estão cheios, os depósitos das estações de serviço também. E já ninguém precisa de ir para a fila, porque… já não há filas. Por enquanto…

Há quem tenha levado gasolina para casa, nos gericans que se esgotaram na loja do chinês. Cada um se “desenrascou” como pôde, afinal é nisso que os portugueses são mestres, não é?

Agora estamos todos à espera que caia a “bomba”. Que a greve continue e que o caos se instale. Teremos razão para temer o pior?…

E se os sindicalistas levam os grevistas a prolongar a greve “sem termo”? E se os supermercados começam a ficar sem comida? E se não há gasolina para regressar do Algarve?

O pior cenário, qual é?

Qual será o pior cenário? A requisição civil, que obriga os motoristas a trabalhar? E se eles se radicalizarem e não forem mesmo trabalhar?
Então entra a tropa a guiar os camiões, é isso? E há motoristas suficientes na tropa capazes de fazer o serviço em condições?

E depois, os sindicalistas vão levar os motoristas a uma rebelião nas ruas? Vamos ter cocktails Molotof atirados à polícia de choque em Aveiras de Cima? Canhões de água e gás lacrimogénio disparados pelos polícias?

A TV a mostrar os motoristas a cair no meio da rua e a serem agredidos a pontapé pelos polícias? Os polícias a levar com pedras da calçada?

E nós em casa, num zapping desenfreado para não perder “as imagens mais chocantes”, os “alertas” e os “exclusivos” diretamente da casa do vizinho da amiga da mulher do camionista?

Quem tem razão?

Mas os motoristas ganham assim tão pouco? Depois de ver o recibo que circulou nas redes sociais, muitos ficaram com vontade de ser camionistas: 1900 euros “limpos”. Mas seria mesmo assim? Não houve ali uma manipulação dos valores? Seria a exceção que confirma a regra?

Será que os motoristas querem apenas marcar uma posição, depois do semi-sucesso da greve de Abril? Querem mostrar que conseguem parar o país? E depois? O que se segue?

Os patrões dizem que não têm dinheiro para mais aumentos, os sindicalistas dizem que é mentira. Quem fala a verdade? Alguém?
E a greve, quando vai acabar a greve?!…