Os novos sistemas de ajuda à condução podem avariar-se sem que o condutor saiba. Já há quem sugira a instalação de uma luz avisadora, igual em todos os automóveis.

 

ADAS é a sigla por trás do conjunto de ajudas eletrónicas à condução que se têm vindo a generalizar nos últimos anos: Advanced Driver Assistance Systems.

É um conjunto de funções de assistência eletrónica ao condutor que varia consoante o modelo, o segmento e o preço. Nem todos incluem tudo, como é lógico.

Os mais comuns são a travagem autónoma de emergência, o “cruise control” ativo e os vários sistemas anti-colisão, como a manutenção de faixa de rodagem, ou controlo ativo do ângulo morto.

Todos estes sistemas usam vários sensores, sendo os mais importantes o Radar e o Lidar, colocados geralmente atrás dos para-choques, que acabam por funcionar como os pratos das antenas parabólicas.

Avarias são fáceis

Se um destes sistemas se avariar ou se for danificado, as funções deixam de funcionar corretamente, mas o condutor pode não ser avisado disso.

E danificar um destes sistemas é muito fácil. Basta um pequeno toque com o para-choques, durante uma manobra ou um estacionamento, para que um destes elementos fique desalinhado, sem que o condutor perceba.

Os para-choques dos carros modernos são concebidos para se deformarem e voltarem à sua posição original em colisões a muito baixa velocidade, tipicamente 7 km/h.

Por fora, não se nota nada, mas isso não significa que elementos que estejam posicionados no seu interior não tenham sido afetados com o impacto.

Nem é preciso que se quebrem, basta ficarem ligeiramente desalinhados para que deixem de ler a estrada à distância prevista e o passem a fazer a outra distância qualquer.

Isto é o suficiente para que os dados fornecidos à gestão sejam os errados, deixando o sistema de funcionar como devia e podendo até surpreender o condutor.

A função de correção pode surgir antes ou depois da altura ideal, perdendo eficiência e apanhando o condutor desprevenido, o que pode causar situações de perigo.

Repintura pode ser um problema

Um problema suplementar é a dificuldade de diagnóstico e de reparação deste tipo de avarias, que só as oficinas oficiais estão em condições de fazer.

Outra situação em que os Radar e Lidar podem deixar de funcionar em boas condições é após a repintura de um para-choques, na sequência de um “toque”.

Mesmo que tudo se mantenha perfeitamente alinhado, após a remontagem do para-choques, (o que não é fácil) a quantidade suplementar de tinta aplicada no para-choques pode impedir o sinal de chegar sem interferências.

Este problema é mais sensível em pinturas metalizadas, devido ao conteúdo de metal que contêm. Segundo os peritos, a cor em que este problema se torna mais grave é o dourado, devido ao seu maior conteúdo de partículas metálicas.

Nova luz avisadora

Para  garantir que o condutor é informado a tempo e horas de danos causados ao sistema ADAS, já há quem sugira que uma nova luz avisadora deve passar a equipar todos os automóveis, como a luz do ABS, por exemplo.

Uma luz avisadora nova, única e universal, que acenda sempre que qualquer dos sistemas do ADAS não esteja em condições de funcionamento perfeito.

Essa luz avisadora seria assim o alerta inequívoco ao condutor de que algum dos sistemas incluídos no ADAS estaria a funcionar de forma incorreta ou estaria avariado.

Assim, o condutor poderia levar o seu carro à oficina para inspecionar o sistema e fazer os ajustes ou reparações necessárias.

Conclusão

Este é apenas um exemplo dos novos problemas que os novos sistemas de ajuda à condução vieram trazer aos automóveis.

Em concreto, esta questão deveria ter sido prevista pelos construtores, pois a instalação de uma luz avisadora no painel de instrumentos está longe de ser algo de complicado.

O problema é sempre o mesmo, as marcas poupam em cada tostão que possam poupar, a não ser que seja obrigatório.

Francisco Mota

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