No primeiro A1, a Audi foi bastante conservadora. Mas a nova geração tem um aspeto mais desportivo, pronta a dar guerra ao rival Mini. Será que chega?…

 

Um utilitário de uma marca “premium”, com um desenho equilibrado, mas pouco entusiasmante. Em resumo, era assim a primeira geração do Audi A1, demasiado conservadora, quando o rival declarado era o irreverente Mini.

Tanto mais que a partilha da plataforma com o Polo, não o diferenciava do VW pelos motores nem, para ser honesto, pela dinâmica.

Claro que o Mini tinha (e ainda continua a ter) a vantagem de uma plataforma própria, com suspensão independente atrás e motores realmente potentes.

O A1 não tinha nada disso, e continua a não ter, mas o estilo consegue milagres. O novo A1 é bem mais agressivo que o antecessor e isso poderá ser suficiente para lhe dar o apelo que não tinha.

Inspiração no Grupo B de 1985

A Audi até foi buscar detalhes dos “quattro” dos anos oitenta, como as três entradas de ar sobre a grelha, inspiradas no Sport quattro (um dos “monstros” sagrados do Grupo B) ou os alargamentos dos guarda-lamas, inspirados no primeiro “quattro”.

Podia ter guardado estes detalhes nostálgicos para um coupé mais desportivo, um eventual sucessor do TT. Mas o mais certo é que esse carro não venha sequer a ser feito.

Talvez o autocolante com os quatro anéis, colado no fundo das portas traseiras, tenha sido um exagero, mas a ideia também vem do primeiro “quattro”.

A verdade é que o A1 Sportback resulta muito bem, com as doses certas de agressividade e elegância e não faz lembrar o Polo de modo nenhum, apesar de partilhar outra vez a plataforma, motores e a opção única de cinco portas.

Interior: desta vez esforçaram-se

Por dentro, também foi feito um esforço para tornar o A1 mais moderno e especial, tanto no desenho do tablier, como do painel de instrumentos virtual ou da qualidade e texturas dos materiais utilizados, melhores e diferenciados do Polo.

Claro que os componentes principais não mudaram, por isso lá está o mesmo monitor tátil central, um pouco básico de conteúdos, mas virado para o condutor. E os mesmos botões da consola, alguns deles com uma ergonomia questionável.Pelo menos os da climatização estão fora do sistema de “infotainment.”

Muito bem sentado

A posição de condução tem ajustes suficientes para todas as estaturas, banco com bom apoio lateral e corretamente alinhado com o volante, pedais e alavanca da caixa. O volante tem uma pega anatómica e não tem a base “serrada”. Aplausos!…

Esta unidade tem a caixa DSG (S tronic, na linguagem Audi) de sete relações mas não trazia patilhas no volante. O que é pena, porque a alavanca não tem um formato que facilite o seu uso em sequência e a caixa até é bastante boa, quando é o condutor a dar as ordens.

O A1, tal como o Polo, prova que não é preciso ser SUV para ter uma boa visibilidade em todas as direções, mesmo sem estar equipado com câmara de marcha-atrás.

Um super-mini motor

Motor em marcha e o som mal se ouve, o que é um elogio quando o que o condutor quer é despachar-se no trânsito citadino, tarefa que este A1 Sportback 30 TFSI S tronic S Line faz com grande facilidade.

E pronto, vamos lá decifrar o que é o “30”. Não é sinónimo de motor de 3,0 litros de cilindrada, nem de 30 kW de potência. Na verdade não é equivalente a nenhum valor concreto, apenas posiciona a versão face a outras.

Esta é a explicação da Audi. Mas quando vejo a mesma coisa a ser explicada vezes sem conta, desconfio que a ideia não é brilhante…

Só lhe falta outra “música”

Neste caso, o 30 equivale ao motor 1.0 TFSI de três cilindros e 116 cv, um dos melhores da sua classe, tanto em ruído e vibração, como em binário a baixo regime e facilidade em subir de rotação. Só precisava de uma “música” mais entusiasmante, sobretudo nas RPM mais altas.

Claro que a caixa o acompanha muito bem, em suavidade, rapidez e lógica das passagens em modo automático.

A suspensão é um pouco firme, como se esperaria de um utilitário “premium” com aspirações a rivalizar com o Mini.

Mas o amortecimento está bem feito, o carro nunca “salta” sobre as imperfeições da estrada. Nem com os pneus 215/45 R17 que tinha montados, uns Bridgestone Turanza suficientes para a performance: 0-100 km/h em 9,2 segundos.

A suspensão traseira de eixo de torção trabalha a favor deste princípio, não contra.

Condução sem modos

Não há modos de condução para escolher, nem é preciso. A calibração dos comandos está muito bem feita. Mas pode colocar-se a caixa em D ou S, com a segunda posição a segurar cada relação durante mais tempo e a reagir mais depressa nas mudanças.

A direção tem o peso certo para todas as situações, mesmo quando se decide levar o A1 para uma florestal e brincar aos Audi Quattros, numa estrada por onde passou o seu antecessor em 1985, em Sintra.

Começa por agradar a maneira como o A1 suporta as curvas de alta velocidade com enorme estabilidade e controlo. Claro que “alta velocidade” é um termo relativo, neste caso. A única crítica vai para o ruído de rolamento e aerodinâmico, que não são baixos.

Muito eficiente e neutro

Nos encadeados mais cerrados, a direção mostra precisão e a suspensão da frente dá-lhe as respostas certas. O A1 encarrila na trajetória escolhida e mantém-se lá.

A atitude geral é bastante neutra, como seria de esperar de um carro feito com base na plataforma MQB A0. Até o ESP entrar em ação, o A1 segue na linha certa, esgotando a aderência dos pneus antes de começar a subvirar.

A parte boa é que o ESP tem um modo Sport e também se pode desligar, como é hábito dos Audi. Mas a atitude do carro não aproveita isso.

Pouco divertido…

Mesmo provocada, a traseira pouco desliza, perdendo-se aqui um pouco daquele prazer de condução típico de um bom tração à frente.

É pena que a Audi não tenha arriscado um pouco mais, mas aceito que a marca conheça melhor os seus clientes do que eu, e por isso tenha preferido esta afinação conservadora do chassis.

Conclusão

Ao final de 300 km de teste em todo o tipo de pisos e de traçados, percorridos entre a cidade, a autoestrada e as estradas secundárias, o A1 30 TFSI apontava uma média de consumos de 7,9 litros/100 km.

Em resumo, o A1 melhorou na aparência, no ambiente do habitáculo e um pouco na dinâmica, sendo agora um rival mais completo do Mini. Mas, para quem gosta de se envolver na condução, ainda não consegue ser tão divertido de guiar como o utilitário da BMW.

Potência: 116 cv
Preço: 28 964 euros
Veredicto 4

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