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No ano do 100º aniversário, a Citroën projeta o futuro com um “concept-car” que antecipa as prioridades para o seu segundo século.

 

É para isto que servem os verdadeiros “concept-cars”, para nos fazer olhar para o futuro e perceber como poderá ser o automóvel daqui a alguns anos.

Novas tendências de estilo, novos conceitos, novas arquiteturas, novas tecnologias: é de tudo isto que se deve ocupar um “concept-car” e não apenas para servir de “teaser” a um modelo de produção que está preste a ser lançado, como acontece muitas vezes.

Petite Rosalie

Para culminar as comemorações dos 100 anos da sua fundação, a Citroën construiu um belo exemplo disso mesmo, o “concept-car” 19_19, que na sua decoração alude ao clássico “Petite Rosalie” dos primórdios da marca.

Vale a pena fazer aqui um desvio para contar a história deste Petite Rosalie, uma versão “despida” da carroçaria do modelo de série Rosalie, estreado no Salão de Paris de 1932.

No ano seguinte, este Petite Rosalie, com o seu motor 1,3 a gasolina foi levado ao circuito de Montlhéry para uma demonstração de fiabilidade. O desafio era ver quantos dias o carro conseguia rodar, parando apenas para reabastecimento, manutenção e troca de pilotos.

No final, o Petite Rosalie conseguiu rodar durante uns incríveis 133 dias, percorrendo 300 000 km em 120 000 voltas à pista, feitas a uma média de 93 km/h. Bateu 300 recordes de velocidade e estabeleceu o nome Rosalie como sinónimo de fiabilidade.

O “concept-car” 19_19

Quanto ao 19_19, trata-se de um veículo com possibilidade de condução totalmente autónoma de nível quatro, pensado para viagens entre cidades com o maior dos confortos. Um complemento ao Ami One, o puro citadino mostrado no início do ano.

Como seria de esperar, vindo da marca francesa que fez grande parte da sua fama com base nos mais altos padrões de conforto do seu icónico DS, também o 19_19 tem esta como a sua área prioritária. Mas não só.

É curioso constatar as opções de estilo tomadas neste trabalho, no qual as quatro rodas aparecem separadas do corpo principal do carro e a altura ao solo é considerável.

O habitáculo surge assim como uma cápsula central, um ovo, como lhe chamam os designers da marca, com grandes áreas vidradas e um visual que faz lembrar um insecto robótico.

Detalhes para o futuro

Grande parte da mecânica está exposta e as assinaturas luminosas em “Y”, à frente e atrás, são já uma indicação segura do visual dos próximos modelos da marca.

Os da frente prolongam-se para a zona lateral, incorporando as câmaras de vídeo para os retrovisores exteriores. No tejadilho está dois LIDAR para a condução autónoma.

Claro que o grande destaque vai para as rodas, protegidas por guarda-lamas pintados em azul. O diâmetro das jantes é de umas enormes 30 polegadas, o que ajuda tanto no conforto como na altura ao solo.

Os pneus, de medida 255/30 R30, são também eles fabricados segundo um novo conceito experimental, pela GoodYear. Cada pneu usa sensores para comunicar as condições da estrada ao carro.

Pneus inovadores

A borracha é de um novo tipo, inspirada na estrutura da esponja natural, e projetada para melhorar a aderência em caso de estrada molhada e também reduz o ruído de rolamento.

Um último detalhe: tal como nos Rolls Royce, os emblemas da Citroën no centro da roda permanecem sempre paralelos ao chão, não rodam.
Um olhar para o habitáculo deixa logo perceber como o 19_19 usa o espaço para os passageiros.

Sala de estar sobre rodas

Para começar, as portas são de abertura oposta e não há pilar central.
O banco do condutor tem altifalantes no encosto de cabeça e formas únicas, com pronunciados apoios laterais.

Parte de sua estrutura interna é mesmo visível, para acrescentar um toque desportivo à condução. O volante tem forma quase retangular e, tal como os pedais, recolhe, quando o 19_19 entra no modo de condução autónoma.

Quando está a ser usado, no seu centro tem um ecrã para transmitir mais informação ao condutor.

O tablier flutuante é composto por dois níveis. Toda a informação relativa à condução é afixada no pára-brisas através de um “head up display”. A informação do infotainment é projetada na zona vidrada sob o tablier, que também permite ver a estrada sob os pés.

O assistente pessoal

No centro da consola, há um cilindro que se ergue, como se fosse um quinto passageiro. Trata-se do assistente pessoal com inteligência artificial, que interage com os ocupantes para lhes dar seguimento aos seus requisitos, durante as fase de condução autónoma.

O resto do habitáculo mais parece uma sala de estar com rodas. O banco do passageiro da frente é na verdade uma cadeira reclinável, uma “chaise longe” que permite viajar em total conforto.

Quanto aos lugares de trás, são compostos por um banco que mais parece um sofá de uma sala, com dois lugares destacados.

Mecânica elétrica

A mecânica do 19_19 foi detalhada pela Citroën, sabendo-se que se trata de um veículo elétrico com tração às quatro rodas, com um motor elétrico por cada eixo, totalizando 462 cv (340 kW) e 800 Nm de binário máximo.

A bateria de 100 kWh está alojada no piso do carro e anuncia uma autonomia de 800 km, segundo o protocolo WLTP. O carregamento é feito por indução, sem fios, sendo anunciada uma rapidez de carregamento de 600 km de autonomia em 20 minutos de carga.

Com tudo isto, o 19_19 consegue acelerar dos 0 aos 100 km/h em cinco segundos e atingir uma velocidade máxima de 200 km/h.

Quanto ao conforto, o habitáculo está suspenso numa nova versão da suspensão de batentes hidráulicos progressivos, com curso longo e funções de anti-rolamento lateral e anti-mergulho. Tudo isto para garantir o máximo de tranquilidade a bordo.

Conclusão

Talvez o 19_19 nunca venha a ser produzido, mas algumas das soluções que apresenta vão com toda a certeza aparecer nos modelos de produção em série da marca. Provavelmente, a maioria estará até presente nos futuros modelos topo de gama que a Citroën prepara lançar nos próximos anos…

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