Cada vez mais automóveis têm Stop/Start, uma função que desliga o motor quando se para no trânsito. Mas alguns condutores desativam sempre o sistema, por medo de desgaste do motor e bateria. Será que têm razões para isso?
O Stop/Start está presente em cada vez mais automóveis novos, com o objetivo de poupar combustível, reduzir emissões poluentes e ruído, quando o carro para no trânsito, seja nos semáforos, seja nos engarrafamentos. O seu princípio de funcionamento é muito simples: sempre que um computador deteta que o carro parou, que a caixa de velocidades está em ponto morto (nas manuais) ou que o pedal de travão está firmemente pressionado (nas caixas automáticas) a ignição e a injeção são cortadas, desligando o motor. Assim que o condutor engrena primeira velocidade (nas caixas manuais) ou larga o pedal de travão (nas caixas automáticas) o motor de arranque volta a colocar o motor em marcha.

Porquê a desconfiança?

A desconfiança de que este procedimento poderá acelerar o desgaste do motor e da bateria, que alguns condutores ainda têm, não deixa de ser baseado num raciocínio lógico: o número de arranques é muito maior num carro com o Start/Stop a funcionar, por isso, esses condutores decidem desligar o sistema num botão que existe nos automóveis dotados desta função. Alguns fazem-no sistematicamente, assim que entram no seu automóvel.

Se nada fosse feito, certamente que os desgastes seriam muito mais acelerados.

Na verdade, segundo dados correntes entre os especialistas deste tipo de assuntos, a diferença de número de ciclos de arranque sobe mesmo muito, em média, num carro com Stop/Start. Estima-se que, num carro sem esse sistema, durante toda a sua vida fará 50 000 arranques. Um carro com Stop/Start fará uma média de 500 000 ciclos de arranque. Se nada fosse feito, certamente que os desgastes seriam muito mais acelerados.

Que medidas foram tomadas?

Mas não é isso que acontece. Para começar, o motor de arranque dos carros com Stop/Start é mais forte e resistente, precisamente para resistir a uma carga de trabalho dez vezes superior. Também as baterias são maiores e estão preparadas para ser chamadas a dar corrente mais vezes. Alguns sistemas até usam um condensador específico, para ajudar nestes arranques e as cablagens também são reforçadas.
Mas o principal problema é mesmo a lubrificação do motor. Em cada arranque, após o motor ter estado parado, o que, com os sistemas Stop/Start pode ir até aos 90 segundos, a lubrificação de um motor normal não está tão bem preparada para um arranque, podendo provocar maior desgaste nas peças móveis do motor, nomeadamente nos apoios da cambota.

Os melhores óleos conseguem fazer descer o atrito em 50%

Por isso, os construtores meteram mãos à obra. A primeira medida foi acrescentar um componente anti-fricção no óleo do motor, para diminuir os atritos e o perigo de desgaste prematuro. Os melhores óleos conseguem fazer descer o atrito em 50%, o que é notável. O circuito de lubrificação também foi adaptado, ao nível da pressão localizada, para garantir uma mais rápida resposta durante o arranque do motor.

Materiais reforçados

Depois, foi feito um trabalho, também de redução de atritos, nas chumaceiras usadas nos apoios da cambota. Nos casos mais sofisticados, é aplicado um material às superfícies em contacto que lhes reduz o atrito superficial para metade. Deste modo, fica precavido o desgaste prematuro do motor, devido ao maior número de arranques.
A gestão do sistema Stop/Start terá o maior contributo para a preservação do motor, por exemplo só deixando o Stop/Start atuar quando as temperaturas do motor estão dentro de um intervalo seguro, ou seja, nem muito frio, nem muito quente. Além de limitarem os períodos máximos de funcionamento aos referidos noventa segundos, de forma a não descarregar a bateria durante esse tempo, em que o motor não funciona, mas muitos dos componentes consumidores de energia, continuam ligados. Há outras situações em que o Stop/Start pode não atuar, por exemplo quando o ar condicionado está a funcionar perto do máximo.

Mas ganha-se alguma coisa?

As vantagens do Stop/Start são tão grandes quanto o tempo em que está a atuar, ou seja, o tempo em que o carro está parado no trânsito com o motor desligado. Daqui se conclui que o sistema foi pensado para dar benefícios na circulação urbana, onde o para-arranca seja muito frequente. Quanto mais vezes atuar, mais poupa em combustível, menos emissões poluentes lança para a atmosfera e menos ruído faz o motor.

Conclusão

Um sistema Stop/Start bem dimensionado, não gera maior desgaste nem no motor nem na bateria. Mas é preciso que o condutor não passe para um óleo de menor qualidade, quando chegar a altura de o mudar. Até por outra razão. Mais prejudicial para o motor do que eventualmente poderia ser o Stop/Start, são os arranques a frio. E para proteger o motor nessa fase crítica, um bom lubrificante é essencial.