Quando guiei o primeiro Discovery, ensaiando-o para o jornal “O Volante”, tratava-se de um todo-o-terreno que mantinha toda a habilidade fora de estrada dos outros modelos da Land Rover, mas que acrescentava uma faceta de utilização familiar, no dia-a-dia, que lhe viria a construir uma robusta fama, entre um tipo de compradores novo, para a marca. Para jipe, era muito fácil de guiar em todo o lado, incluindo em cidade. Claro que, nessa altura, no inicio dos anos noventa, os passeios TT ainda eram verdadeiras provas à capacidade dos carros e à habilidade dos condutores, sobretudo os organizados pelo clube da marca, que tinham muito de trabalho e pouco de passeio. Mas o Discovery I foi um ponto de viragem para a Land Rover.

Não ficou nada do Discovery original

Todos estes anos depois, volto a guiar uma nova geração do Discovery e o que agora encontro é algo completamente diferente do modelo original. Só para dar uma ideia, dos sete lugares existentes, os cinco traseiros têm rebatimento elétrico, há uma mesa de “pic-nic” na mala que também se rebate eletricamente, tal como o portão traseiro. Por dentro, o luxo é tanto que se a Jaguar Land Rover (JLR) decidisse colocar a marca Range Rover no capót da frente, ninguém iria desconfiar. O espaço interior é tão grande quanto as dimensões exteriores deixam adivinhar, a posição de condução é mais alta do que muitos furgões, numa postura de trono comum à dos RR. Na cidade, o Discovery não se sente grande, sente-se enorme! Os sensores de aproximação não são um luxo, são uma necessidade, tal como as câmaras. Mas do lugar do condutor vê-se bem, disso não há dúvidas.

O luxo é tanto que, se a JLR decidisse colocar a marca Range Rover no capót da frente, ninguém iria desconfiar.

O motor TDV6 de 258 cv tem muita força, boa resposta a baixos regimes e dá-se lindamente com a caixa automática. A suspensão pneumática é muito confortável e os travões dão uma boa sensação de controlo, apesar da massa ser muito respeitável: 2230kg. Em estrada e em curva, é a suspensão que acaba por disfarçar muito bem o peso, mantendo a carroçaria inesperadamente estável, mesmo quando se exagera na velocidade de entrada em curva. Claro que, a partir de certa altura, na verdade relativamente cedo, o ESP acaba por fazer o seu trabalho e muito bem, diga-se. Não é demasiado intrusivo e percebe-se que a sua filosofia é de ajudar o condutor, não cravando o carro ao chão, roubando-lhe velocidade, como fazem outros SUV deste tamanho. Curiosamente, acaba por ser em pisos de terra, sobretudo em subidas mais íngremes, que a relação peso/potência mais se faz sentir, apesar de estar equipado com vários modos de condução fora de estrada e de redutoras.

Conclusão

Por quase 100 mil euros, o Discovery é um SUV de luxo, o topo da gama Land Rover. É tão grande que devia pagar IMI, em vez de IUC. Na gama atual da marca, o verdadeiro sucessor do antigo Discovery é hoje o Discovery Sport, feito com base numa plataforma mais pequena e mais barata.

Potência: 258 cv
Preço: 93 854 euros
Veredicto: 4 estrelas