Cada vez mais carros novos estão equipados com um avisador de saída de faixa. Muito útil, para evitar acidentes, mas então por que razão muitos o desligam?…

O avisador de saída de faixa de rodagem é um dos auxílios à condução mais úteis na prevenção de acidentes, sobretudo numa altura em que muitos condutores (para não dizer a maioria…) não consegue conduzir sem estar continuamente a “consultar” o smartphone. Por isso esta função se pode encontrar em cada vez mais carros novos, mesmo nos do segmento dos utilitários.

É uma espécie de “mão de Deus” eletrónica, que evita a saída do carro para outra faixa, que poderia originar um acidente. Mas tem as suas limitações, desde logo no entendimento que alguns condutores fazem dele: não é um sistema de condução autónoma, é uma ajuda à condução. Isso que fique bem claro!

Como funciona?…

O funcionamento é relativamente simples. Uma câmara montada junto do retrovisor interior e apontada para a frente, capta imagens da estrada até uma distância de 50 metros e num ângulo de 40 graus. As imagens são captadas a uma frequência de 25 por segundo e enviadas a um software no carro, que as interpreta.

Este cérebro eletrónico detecta os traços pintados na estrada que delimitam a faixa de rodagem e determina se o carro se está a aproximar perigosamente de um deles, à esquerda ou à direita.

Se isso acontecer, o que é muito frequente nos “condutores conectados” de hoje em dia, então o assistente de manutenção de faixa entra em ação. Há vários sistemas deste tipo, com funcionamentos ligeiramente diferentes entre si. Mas aquele que se está a tornar no mais frequente é o sistema ativo.

Direção ganha “vida” própria

Assim que o carro se aproxima dos traços de um dos lados da faixa, é dada ordem à direção para rodar o volante no sentido de voltar à faixa. Esta ordem é executada pelo motor elétrico da assistência da direção e apenas aponta o carro para dentro da faixa, não substitui o condutor, que deve interpretar essa ação como um alerta para tomar mais atenção e manter o carro na faixa. O condutor sente perfeitamente a direção a rodar o volante.

Mas se, ainda assim, o condutor não fizer o suficiente para voltar ao centro da faixa, o sistema faz despoletar uma vibração dentro do volante, para tornar esse aviso mais claro. Isto é feito através de um pequeno motor eléctrico colocado dentro do próprio volante.
Estas duas medidas parece serem mais do que suficientes para manter o carro na faixa e dar um nível de tranquilidade acrescido ao condutor. Mas a história não acaba aqui.

Mas pode ser desligado

Por estranho que possa parecer, esta função de ajuda ativa à manutenção de faixa de rodagem vem sempre com a possibilidade de ser desligada pelo condutor. Sendo uma medida de segurança, é difícil de compreender, sobretudo para quem nunca guiou um carro equipado com este sistema.

Faz lembrar os primórdios do ABS, quando chegaram a existir carros que tinham um botão para o desligar. E em nada se compara com os botões para desligar o ESP que, na maioria dos casos, só o fazem a baixas velocidades, para permitir a patinagem das rodas motrizes na neve e assim conseguir alguma tração no arranque nestas condições.

Em alguns carros, assumidamente desportivos, isso também é possível, mas o condutor assume a responsabilidade de desligar o ESP, em troca de algum prazer acrescido na condução mais extrovertida.

Limitações na saída de faixa

Mas, no caso do sistema de manutenção ativa de faixa, a razão é outra. Na verdade são várias as razões, que começam nas limitações do sistema, assumidas pelos fabricantes e em geral associadas à câmara de vídeo.
Se os traços na estrada estiverem desgastados ou mal pintados, a câmara pode não os reconhecer e o sistema não funciona. O mesmo se passa se a faixa for muito estreita, ou muito larga; ou se estiver a chover, nevar ou nevoeiro; ou se a curva for mais apertada.
Claro que o sistema não funciona se o condutor largar as mãos do volante, nem funciona abaixo dos 60 km/h, pois foi essencialmente pensado para ser usado em vias rápidas e autoestradas.

Condutores não gostam

Mas o que os condutores realmente não gostam é de sentir que o sistema está a interferir com a sua própria condução, aplicando força no volante, muitas vezes no sentido oposto aquele que o condutor está a fazer, por exemplo, quando “corta” ligeiramente uma curva.
Também não gostam de sentir o volante a puxar para dentro da faixa quando a sua vontade é mesmo mudar de faixa, mas não fizeram o pisca antes, situação em que o assistente de manutenção de faixa deixa de atuar.
E depois, ninguém gosta de sentir o volante a vibrar, como se alguma avaria repentina tivesse acontecido na direção, ou se um pneu se tivesse furado.

Conclusão

Se já experimentou um destes sistemas, provavelmente começou por achar inteligente e curioso, nos primeiros quilómetros. Depois passou a achar ligeiramente intrometido até que perdeu a paciência e procurou maneira de o desligar por completo. Afinal, é suposto o condutor saber o que está a fazer, em vez de estar constantemente a ser repreendido por um computador que nunca consegue avaliar todas as nuances da situação. É por isso que o sistema pode ser desligado e alguns condutores o desligam: porque ainda não é um sistema perfeito, precisa de mais evolução.

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